quarta-feira, dezembro 28

Traduções do Precipício

Sentimentos são o prato do menu diario de quem tem como sina o perfil humano. São estes que conferem intensidades curvileneas impeditivas à existência de uma linha recta da maturação interna do ser.Falam-se em sentimentos tanto meus quanto teus e os de todas as pessoas com impostos acrescidos por quem os vive no seu intímo. Quando se está muito emocionado não se consegue transmitir convenientemente e com teor absoluto de veracidade essa dita emoção. Nada valhem as instrospecções quando estas não passam de simples regressões incompletas. E essa sua natureza imperfeita decorre dos pequenos detalhes que se dissipam entretanto pelo ar do tempo como da propria linguagem que é tantas vezes dúbia e insuficiente quando usada para traduzir o que o coração diz. Para que então reflectir? Responde-me alguém do fundo da sala quase num murmurio: “Recordar é viver”. Chavões impiricos de saberes antigos que questiono sistemáticamente. Porque se há qualidade inerente aos sentimentos é a dualidade claramente expressa ao estilo de dois seres autonomos que entre si partilham um abraço. Se existem emoções boas de serem sentidas, necessariamente existem as más que desejamos nunca atravessar. Julgas que destas me quero recordar? Somente as quero dizimar do leito das minhas recordações. Cultivo forçosamente uma memoria selectiva esquecida com cheiro a suores de esforços fisicos extenuantes. Escorrego em poças de paradoxos sentimentos onde nos quais repouso e me questiono sobre os imperativos lideres da minha vida. A este ponto só me apetece praguejar e da janela me atirar.

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