sábado, dezembro 17

Capela Sistina

Outrora a inspiração deparava-se como uma fonte inesgotavel, hoje é só uma fenda na rocha seca de tanto ser bebida. Vivi tempos medidos em dias apenas do consumo de palavras. Dediquei-me às obras como Miguel Ângelo à capela intemporal de crenças. Nelas empregnei todo o meu ser, assim como, tudo o mais que tinha. Nunca menos. Dei à luz da tinta toda a minha mente em formato de poesias versificadas. Despi as letras até a sua crua forma desnudada de juízos. Do seu coito resultaram palavras confessadas em jeito de corpos unidos. A minha decomposição nutrirá a terra com murtalhas de palavras silenciadas. Pois, sou somente palavras aprisionadas à carne de inumeros atentados ao pudor. Pintei na cupula imagens literarias fieis ao meu mundo responsaveis pelo choque de outros tantos mundos. De novo como o mestre não me preocupei e arrisquei-me a deixar a mão ser comandada pela pulsao interna da imaginaçao, da arte que fluí irreflectidamente. Expos-me em frescos datilografados ao pó do ar, que o tempo fará questão de esconder. Vivi e vivo para ti óh catartica escrita minha, que me vais mantendo viva e me impedes de permanecer sozinha.

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