domingo, novembro 19

Natureza Mundana

Revejo a iconografia da nossa vivência conjunta; essas pequenas imagens estáticas representam o melhor que compartilhamos. Tenho a noção, contudo, que o conceito nós se encerra com essas memorias selectivas que subsistiram à passagem do tempo. Já há muito que se diz: contra factos não há argumentos. Perante tudo isto, resisto, continuo a existir. Não peso as atitudes tomadas anteriormente nem sou assolada por ressentimentos ou coisa que lhe valha. Sabes, ainda respiro, agora, com mais fervor e maior ânsia de vida. Almejo possuir tudo o que rescindi até às mais pequenas coisas que noutros momentos não vivi. Voltei a mim, minha morada querida, ao meu abrigo que é o meu corpo que vai dando guarida à minha mente. Reconheço o que conjecturo como sendo algo que anteriormente me proporia alcançar. Sou forte de novo, imparável, armada de forças que contigo um dia esqueci. Voltei a sorver os sulcos adocicados de uma vida boémia! Embriagada pelos prazeres da vida, assim me sinto, enquanto me sento à beira do abismo e vivo ao extremo tudo o que a vida me vai proporcionando. O tempo de ser aquela que perspectivaste como teu complemento acabou. Findaram-se as cedências continuas a par da minha paciência. Não quero mais me sentar à mesma mesa. Ouve, que neste instante, professo-o alto e em bom som: Não! Naturalmente mundana, um dia me castrei, contudo, contra facto não há argumentos, não me esqueci do que fui, não quero ser mais o que me tornei, sou de novo o que me mais me convém: boémia!

sábado, novembro 18

Vejo Prazeres, Sinto Saudades

Zango-me inutilmente, é fado de quem pretender possuir o que das suas mãos foge. É o meu, destino já previsto, contudo, apesar de sabido foi na mesma escolhido. São estas as frustrações que carrego por oscilar entre a força e a fraqueza que a carne impõe. Emendo, agora que ponderei, são desejos que transpõem os sistemas fisiológicos que vão mantendo o meu corpo na sua homeostasia ténue. É um querer além do corpo, é almejar a totalidade singular da tua alma encerrada nos teus limites carnais já por mim tocados e que, hoje, às minhas mãos escasseiam. Faz-me falta o teu formato tosco, por vezes, patético, que apresentas enquanto gente. Dizes-te pessoa e és percebido pelas minhas mãos como tal, quando te acaricio e me aqueces os dedos, as palmas, as minhas mãos por completo. Vives no prolongamento que una à tua carne minhas mãos formam. Aqueces-me, sei que vives e, naquele instante, compartilhas vida com a minha. Providencias-me o sustento à minha vida sem alentos, cheia de suspiros, medos, receios. Temo, constantemente, que naqueles ápices que a tua mente promove que me abandones. Coloquei em ti a fé de acreditar um pouco mais, o credo de sentir a alma para alem da mente. Jocosamente, substituem-se posturas, acabando, por fim, os dogmas inalterados. Perspectivo a carne da tua memoria como fonte de prazer onde me deitei e me deliciei, todavia as lembranças aí se findam. Resta-me boca aguada esperançosa por outras bocas cujos lábios sobre os meus sobrepostos me aqueçam interiormente. Vejo prazeres, sinto saudades...