quarta-feira, dezembro 28

Traduções do Precipício

Sentimentos são o prato do menu diario de quem tem como sina o perfil humano. São estes que conferem intensidades curvileneas impeditivas à existência de uma linha recta da maturação interna do ser.Falam-se em sentimentos tanto meus quanto teus e os de todas as pessoas com impostos acrescidos por quem os vive no seu intímo. Quando se está muito emocionado não se consegue transmitir convenientemente e com teor absoluto de veracidade essa dita emoção. Nada valhem as instrospecções quando estas não passam de simples regressões incompletas. E essa sua natureza imperfeita decorre dos pequenos detalhes que se dissipam entretanto pelo ar do tempo como da propria linguagem que é tantas vezes dúbia e insuficiente quando usada para traduzir o que o coração diz. Para que então reflectir? Responde-me alguém do fundo da sala quase num murmurio: “Recordar é viver”. Chavões impiricos de saberes antigos que questiono sistemáticamente. Porque se há qualidade inerente aos sentimentos é a dualidade claramente expressa ao estilo de dois seres autonomos que entre si partilham um abraço. Se existem emoções boas de serem sentidas, necessariamente existem as más que desejamos nunca atravessar. Julgas que destas me quero recordar? Somente as quero dizimar do leito das minhas recordações. Cultivo forçosamente uma memoria selectiva esquecida com cheiro a suores de esforços fisicos extenuantes. Escorrego em poças de paradoxos sentimentos onde nos quais repouso e me questiono sobre os imperativos lideres da minha vida. A este ponto só me apetece praguejar e da janela me atirar.

segunda-feira, dezembro 26

Amor que tu foste e já não és...

Solidão sentida que me dita os pensamentos, onde na qual me isolo e tento te encontrar . Cavo buracos transformados em tuneis de paredes de eus meus ocos pela tua ausencia. Vejo as nossas memorias feitas em papel de parede, inscrições com tons diluídos por soluções temporais julgo, ou será apenas feito das lágrimas que correm em fios sem destinos pelas minha corrente sanguínea. Ao contrário do que seria suposto, meu amor – que atrevimento o meu – alcancei um estágio de plasmólise. Secura em notas húmidas. Vazio de quem desacompanhado caminha. Sozinho, pois tristeza não é companhia de valor e por mais que tente mantém um elo invisivel com a solidão que eu não consigo romper. Vivo estas noites minhas iluminada pela insuficiente luz difusa de um abajour qualquer contributiva para ambientes sombrios de introspecçoes sem brio. Embrenho-me nestes humilhantes retrocessos flageladores da pouca dignidade que me sobrou. Dissabores em pontas de línguas um dia unidas. Não te procuro a ti, desculpa se te induzi em erro anteriormente. E se falo em ti é por um dia ter sido num escaninho oculto dentro do teu ser que achei o que um dia julguei ser amor.

segunda-feira, dezembro 19

Quando o meu sonho és Tu...

Vejo vislumbres da tua silhueta sob mantos de sedução;
Observo o delicado modo como te estendes ao longo do colchão,
Perco-me nos traços do teu corpo semi-coberto até ao canto da tua boca
Onde me imagino absorvido por tudo esse fluido escorrido
Por dois montes de suicidios - carnais tanto quanto mentais -,
Que se encerram em húmidos vales de perdição
Sonhos meus, apenas teus por serem os teus lábios.

O teu corpo ondula em efeitos inconscientes de pulsões inquientantes
Que provocam mudanças na posição de sono e,
Os fragmentos antes cobertos e agora descobertos da tua pele
Assolam a minha mente em trajetórias cur(vil)neas
Cruel visão tua em que me vejo deitado a teu lado sem o estar
Onde os teus seios tao trilhos ermos que escondem nascentes aconchegos
Que ambiciono degustar e deles me embebedar.
Sonhos meus, apenas teus por serem os teus seios.

O teu sono demora-se como a minha satisfação tarda em chegar
Os fios do teu cabelo, que te adornam o rosto, roçam o tecido da almofada
Em que a tua cabeça repousa, impregnando-os da tua essencia.
Como queria mergulhar neles e inalar-te até à exaustão.
E neste meu sonho, também teu apenas queria ser o teu objecto de afeição.

sábado, dezembro 17

Capela Sistina

Outrora a inspiração deparava-se como uma fonte inesgotavel, hoje é só uma fenda na rocha seca de tanto ser bebida. Vivi tempos medidos em dias apenas do consumo de palavras. Dediquei-me às obras como Miguel Ângelo à capela intemporal de crenças. Nelas empregnei todo o meu ser, assim como, tudo o mais que tinha. Nunca menos. Dei à luz da tinta toda a minha mente em formato de poesias versificadas. Despi as letras até a sua crua forma desnudada de juízos. Do seu coito resultaram palavras confessadas em jeito de corpos unidos. A minha decomposição nutrirá a terra com murtalhas de palavras silenciadas. Pois, sou somente palavras aprisionadas à carne de inumeros atentados ao pudor. Pintei na cupula imagens literarias fieis ao meu mundo responsaveis pelo choque de outros tantos mundos. De novo como o mestre não me preocupei e arrisquei-me a deixar a mão ser comandada pela pulsao interna da imaginaçao, da arte que fluí irreflectidamente. Expos-me em frescos datilografados ao pó do ar, que o tempo fará questão de esconder. Vivi e vivo para ti óh catartica escrita minha, que me vais mantendo viva e me impedes de permanecer sozinha.

terça-feira, dezembro 13

Sem ti, não há unidade
Nota melodicamente triste que enaltece a solidão. Notas que se ligam em compassos de sentimentos flagedores, que se encerram em pautas de recordações minhas. Os vocais de tais músicas passadas têm o timbre da tua voz e a letra de conversas só por nos faladas. Como se não bastasse a tristeza que me inunda como o som invade a mente, as batidas são pancadas de saudades. Nada mais tenho agora que os traços atenuados pelo tempo do que um dia foste. Lembrar-me de ti é esquecer que um dia te perdi. É um retornar evocado de uma alegria que nunca mais vivi. Sem ti, perdi-me. Indivisiveis; como a nota pertence à pauta, como as palavras pertencem aos textos e destas não se podem separar, assim fomos nós. Assim já não somos. E, também as minhas lagrimas são pedaços de notas intensamente dolorosas. Mas a sua musica não tem o som da tua voz o que me relembra que cá já não estás. Incompleta deixaste-me.

quarta-feira, novembro 30

À Proa da navegação do Pensamento
Abandonando o acento recadato na popa....
Condenso fumo em aneis, enquanto tento também condensar os meus pensamentos em ideias ordenadas. Tal como a forma que dito ao fumo que expiro, assim são os meus pensamentos; iniciam-se perfeitos, iniciados e terminados, circunscritos a uma esfera propria até que a dada altura com a ajuda do vento que circula à minha volta estes se dissapam no ar repleto de sentimentos meus. Abro bem os ouvidos ao som que escuto, tentando me hidratar com a melodia que ecoa do mesmo. Reparo que consigo conferir perfeição a alguns dos aneis de tabaco que trago, contudo também existem excepções; uns não tão circulares, outros que nem se fecham sobre si. Acho que sou uma dessas excepções, pelo menos no modo como me sinto neste instante definido. Sinto-me tão perdida na nuvem de fundo que se concentra imediatamente à frente da minha vista, impedindo me de enxegar esta folha que me serve de apoio. Sou emulsionada em fragmentos de eu mais pequenos que o meu todo. Dividida em confuso e ainda mais confuso, em ser e ter, sentir e pensar limito-me a tentar perceber. Que tarifa ingloria, nada entendo. Talvez fosse mais fácil, levantar e voar em direcção ao céu da calmaria, da longetitude. Partir. E quem diz partir quer somente dizer fugir. Inicio a minha fuga através do percurso do papel queimado da ponta do meu cigarro. Navego em nuvens transparentes, de odor peculiar que tenta aprisionar na minha mente. Neste instante sinto-me Thorn armada de martelo. Sensação de poder e controlo. Comando os fluxos de massas de ar, as partículas de água suspensas na atmosfera, as núvens, o sol, as desgargas electricas – tudo. Fecho os olhos. Continuo a escrever, e por mais saborosa que seja esta perspectiva fantasiosa sei que tenho que retornar. Distrai-me por momentos, influênciada pela hipnotizante facilidade do partir. De volta sei e, disto tenho absoluta certeza, que tenho obrigatóriamente de seguir. A vida é um bilhete só de ida. Quero encontrar certezas que me permitam fundar os pés à terra que piso diariamente e caminhar para a felicidade. Não é amanha ou depois, é no agora que preciso de me redirecionar à minha meta. Desta ainda possuo certezas, no que toca ao resto, talvez seja melhor aguçar os sentidos e deixar-me ir no afluentes da emoção.
Passei Toda a Noite
Alberto Caeiro~

Passei toda a noite, sem dormir, vendo, sem espaço, a figura dela,
E vendo-a sempre de maneiras diferentes do que a encontro a ela.
Faço pensamentos com a recordação do que ela é quando me fala,
E em cada pensamento ela varia de acordo com a sua semelhança.
Amar é pensar.
E eu quase que me esqueço de sentir só de pensar nela.
Não sei bem o que quero, mesmo dela, e eu não penso senão nela.
Tenho uma grande distração animada.
Quando desejo encontrá-la
Quase que prefiro não a encontrar,
Para não ter que a deixar depois.
Não sei bem o que quero, nem quero saber o que quero.
Quero só Pensar nela.
Não peço nada a ninguém, nem a ela, senão pensar.
Reacções Químicas Inorganicas

Quero elaborar reacções entre os 28 reagentes do alfabeto e obter como produto beleza. Decantar soluçoes textuais contidas em funis estruturais rigidos do português. Extrair destes o fundamental e eliminar o liquído sobrenadante que as afoga. Pretendo que as suas colisões sejam espontaneas ao sabor dos comburentes mentais. Os combustiveís são nos dado em fracos de requinte, enclausurados pela mesma mão que os liberta. Sou operador na génese da dismutação dos nucléoticos da língua. Sou quimico que nada perde, nada cria mas tudo transforma. Componho redes cristalinas usando unidades básicas. Defino o complexo a partir do simples com ligandos aos lóbulos cerebrais. Sintetizo axónios imprescendiveis à comunicação. Anodizo os sais línguisticos com filmes de dignidade.
Ângulo 90º
que a tua sombra faz ao embater no chão.
Cada esquina é um mundo desconhecido, tantas vezes temeroso quanto igualmente ansiado. Imprimo o peso dos meus pés contra o chão, passo espaçado e seguro, sem vacilar desloco-me para aqui e para ali. Esquina atrás de esquina deparo-me com a sombra do teu corpo projectada no alcatrão da estrada que nos separa. A minha mente enloquece, o meu corpo estremece. Tento recriar à luz da carne os contornos dos teus membros obscurecidos pela luz difusa de um final de tarde. Reproduzo com fragmentos de memorias a tua voz. Demoro-me na lapidação do teu ser, tentando recriar todos os promenores que tenho vindo a assimilar. E, lá naquele canto onda a luz dobra a esquina, permaneces como se soubesses que eu te observo com visões de concupiscência. Castigas-me; com essa tua postura quase soslaia, de quem pretende demonstrar que não vê. Não penso e caminho. De encontro a ti vou diminuindo a distância que entre nos se interpõe. Não penso e atiro-me. Deixo apenas que a tua presença me viole. Não penso e sinto-te à extensão do meu braço e sucumbo às apelativas sensações maquino facturadas pelo pensamento. No final, rio-me destes momentos que nunca poderiam ser gerados por outro sentimento qualquer a não ser o desejo

terça-feira, novembro 29

Sei, Não Sei, Sinto, Nada Sinto

Queria ser capaz de preencher as palavras com os meus sentimentos, organiza-los de tal modo que me fosse possível exprimir-me devidamente. E, mesmo com o elevado número de palavras desta nossa língua que sei, estas deparam-se me sempre escassas. Ver-te é veres-me através de um espelho que só permite o reflexo da tua imagem. Não sei precisar ao certo, lá está, faltam me as palavras certas para este sentimento incerto que por ti nutro. Ou, talvez não nutra. Certezas duvidosas. És gota de água que estremece o lago turvo destes meus sentimentos. Como uma onda eminente mas imprevisivel tomas forma, na tua viagem à praia afogas-me em ti e no final o meu corpo rebola pelos graos de areia da costa. Estendida ainda exaltada pelo teu efeito, tento angustiadamente preservar estes diminutos momentos. E, quando julgo já nada mais haver para absorver olho e vejo que já cá não estás.
Convite
Convido-te ao meu decote entreaberto. Deixo a descoberto pequenos fragmentos que desejo que percorras com a tua lingua sábia que manejas habilmente. Levar-te-ei de encontro ao que, de modo desajeitado, te escondo inicialmente. Não por não te querer, mas sim por não te querer dar tudo; tudo logo de uma só vez. Acompanhados pela medolia inebriante do alcool quebraremos a taciturna monotonia da noite. As minhas mãos serãos as tuas na procura mútua do corpo. A minha lingua fundirá-se-á com a tua em gestos oscilantes e tomar-te-ei em tragos curtos de fazer perdurar o prazer. Os meus labios roçaram o pecaminoso e consumaremos o eterno pecado da lúxuria. Deixar-te ei explorar-me incessantemente; cada membro, curva, pele, nervo desta minha unidade corporea latejante de prazer. E até sucumbires ao meu decote, nada mais farei que fantasiar com noções leves e superficiais do teu toque.

quarta-feira, novembro 23

O teu corpo oculta ondas de prazer

Mundo severo dos sentidos que joga a razão contra a parede. A pele exasperante suplica toque. O corpo é um solitário pedinte que mendiga por um abrigo. Exitação é como o dinheiro que recebe. Prazer é o único contacto que pede. Somos uma mera metade de uma unidade.Unos experenciamos a eternidade; morrer sem nunca desaparecer, renascer e, pois então, sobreviver. Algésis da minha alma imperfeita . Tu és Édipo feito homem de novo, excomungado tornar-me-ei o teu único dogma. Professa o arreitamento nas linhas curvas do meu peito. A ti, escorrem fluidos de desejos imoderados. Somos cúmplices na arte de pintar silhuetas na tela e comcumitantes no eretismo do prazer. Explanamos em pautas vagidos. Entregamos nos ao abismo latente de uma queda sem fim, até às profundezas do enlevo. És assombro, coisa que me maravilha, que me prende, que me encanta e, no final, me arrebata.

terça-feira, novembro 22

Critica à Guerra

Um tiroteio. Morrem crianças; aninhadas em braços desfalecidos nas sarjetas das estradas encardidas pelo sangue perdido. Balas resvalam os inocentes pedestres, atingido-lhes a mente num rasgo certeiro. As pessoas pilham-se a monte à sombra das trincheiras. Elevam-se armas ao céu, em sinal de superioridade numerica inimiga. Pureza conspurcada pelos monstros que pussuem corpos adormecidos pelo ensurdecedor som de capsulas a espancarem o terreno. Na luta pela vida desalmada estes seres correm sem direcção. E, como se de leprosos se tratassem, vão se fragmentando ao longo da maratona que travam pela sua vida. Facas sao empunhadas sem dó, cravadas em nenhum ponto especifico. Laminas aguçam-se na pele; esborratadas pela seiva que circulava na vida que ceifaram. Os invasores reagrupam-se, cospem ordens imperceptiveis entre si e púrrios de vingança tomam pertences alheios. Não há ética que resista, nem moral que persista no meio de uma guerra pela vida. Perdem-se valores, tanto quanto perdem –se lagrimas. Ladeira abaixo, a enxurrada de dor vai movendo corpos e membros de vitimas puritanas. Espetaculo inglorio da proclamação da irracionalidade humana. Crianças orfãs, pais sem filhos, homens sem trilho, mulheres sem destino. Tudo em prole de um mundo melhor – Nugação! Morte a praga dos vivos.

segunda-feira, novembro 21

From flesh to dust....

Abrir este caderno numa página qualquer já é um acto que estranho. Dias se passaram, a distancia aumentou esponencialmente e de ti, cada vez mais, não estou. As minhas mãos tremem ao sentir a tua textura roçar docilmente nos meus dedos inseguros. E temo, temo - ó solidão minha, mais não ser capaz. Palavras geram mais que palavras; são o inicio de varias reacções que se traduzem em raciocinios. Confesso-te aqui que foram palavras desembainhadas feitas perfidas facas que me atacaram. A cada centrimetro mais adentro do meu peito maior era a hemorragia de angustia que jorrava do corte que o seu gume ia provocando. De defesas expostas, a minha confiança foi se desvanecendo. Palavras feitas intrusos violaram o meu peribolo e, sem nada fazer, apenas observando vi espezenhada a fauna do meu jardim lajeado. Desejei tao intensamente até às veias tomarem lugar na tempora, não ter restabelecido a ordem interna que me desgovernava através da derrocada do meu muro de berlim. Palavras feitas Lâmia que me aniquilam. Lúrida expressão de quem vê e mais não crê, em si.

quarta-feira, novembro 9

Vida
Interrompida
Derramo sangue nas pisadas. Ensopo os meus pés em interminaveis poças pelas pedras das calçadas. A vida escapa-me por entre os cortes profundos que me dilaceram inteiramente. As dores são como balas que me atravessam a direito, e a direito saem. Ao entrarem provocam-me buracos que não hão de sarar, o seu trajecto causa estragos irreversiveis, a sua saída é pior que a sua estadia. E cada passo que tomo, é mais um suspiro de vida que se dissapa no ar. Caminho lentamente, sem destino certo, se não, talvez, somente a morte. Tento desesperadamente inalar a vida que perco, e nada sinto – só dor. As forças padecem, o corpo perece. Divango vou errando enquanto sonhando nada atinjo. Nestes ultimos instantes que me restam vou me flagelando com xibatadas de verdade, com o fogo do arrependimento, com as vergas do engano ledo que um dia enxerguei. Sem retorno, concluo, pesarosamente que esgotei a vida. Lagrima interrompida pelo derradeiro sopro que nunca mais vivirei.
Sozinha, na calçada, sem vida jazo já morta.

quarta-feira, novembro 2

Escrever é galáxia da imaginaçao.

Entristece-me não saber o que escrever.
A necessidade é tanta e o assunto tão pouco.
Já não há afluentes que desemboquem no leito do meu pensamento.
Esgotei o vocabulario em frases que se estendem infinidamente por uma infinidavel sucessao de folhas.
Sentir escritor é sentir um artista que pega num guardanapo e rabisca.
É tanto estar aqui e não estar mais.
É viajar, tanto quanto é sonhar.
É um poder que vicia, é pensar e comunicar.
É pensar que se pode mudar. É ter noçao que a mudança reside nas mãos.
É saber que os braços não apelidam à violencia, mas sim à presistencia.
Escrever é cavar até não haver mais terra a tapar.
É deixar a descoberto um mundo incerto.
Escrever é sofrer.
É dar à luz o que queriamos matar.
É materializar o que antes era abstrato.
É uma negação ao esquecimento.
Quando escrevo é assim, uma dor, por vezes, um medo de deixar soltar livremente o que aprisiono na minha mente.

terça-feira, novembro 1

“I wanna hold you in the morning; hold you through in the night...”
Basta-me percorrer os meus inumeros textos para que haja algum que me toque em especial e, assim, me remeta para as minhas memorias. E lá reencontro-te de novo, como se à minha espera estivesses para me olhares francamente aos meus olhos cansados pelo tempo. Ha quem diga que o tempo atenua os sentimentos, até mesmo as imagens geradas pela mente, todavia eu relembro-te de todos os traços do teu rosto até ao infimo pormenor. Fecho os olhos contra a luz e ouço a tua voz , passados segundos consigo sentir o toque das tuas maos pressionando a minha pele, os meus membros, o meu corpo. Sinto o teu abraço de novo, retornando à segurança que só tu me conferes. Continuo instalada à comodidade da tua memoria, e quanto mais aí permaneço maior é a vontade de chorar. Como é dificil estar longe, longe daí, longe de mim, longe de ti. Já há muito tempo que não sentia necessidade de estar contigo, mas são estes instantes que quebram a estabilidade da minha realidade precária. São, pois, estes momentos em que me consciencializo do impacto que provocaste em mim. E dou-lhes razão, o tempo atenua mas não exilia o que nutrimos. Encolho os ombros ao ler estas minhas ultimas frases em sinal de mãos atadas que em nada podem agir face ao decorrer natural das coisas. Não há nada a fazer e pouco ficou por dizer. Vou demoradamente abrindo os olhos – o retorno é complicado – em prole de um desejo insatisfeito de te ter.
Não podendo, apenas vou sobrevivendo.

sexta-feira, outubro 28

Sinto-me....
Feliz
E não será um dito novo, só que de facto a realizaçao do que nos dá mais prazer é a certeza de uma felicidade. Esperamos encontrar uma fonte de satisfação em arranha ceus, quando é no r/c de qualquer edificio que ela reside. Ao nosso nivel, ali em contacto com as nossas mãos. Sou feliz quando faço o que me apeteçe, quando não penso nada e entro num espaço que é todo meu, na minha cabeça- onde a felicidade se constrói.

quarta-feira, outubro 26

Simplicidade...
Não hoje, Não nunca
Hoje gostava de escrever de um modo simples. Recto, sem oscilar entre uma metáfora aqui uma aliteração ali. Quero pegar na minha realidade e explana-la neste papel sem precisar de me refugiar na subtileza de um eufemismo, de modo a diminuir o seu impacto. Que sejam fortes as criticas que exprimo! Deixar de lado o medo subjacente a uma comparaçao implicita na metáfora, que normalmente, apenas dá um vislumbre do que é, deixando a ilação a cabo do leitor. Hoje as coisas são o que são, sendo comparadas abertamente ao que lhes mais adequa. Exageros de nada servem! Para que serve pegar nisto, eleva-lo ao ponto máximo da sua pujança no corpo de uma hiperbole quando o seu valor é o que ele próprio expressa? Realmente não sei para que alterar as regras da escrita, invertendo os seus elementos; é me crucial desordenar os elementos frásicos só para evidenciar aquela palavra especifica. Não seria trabalho do leitor encontrar por si o que é de vital no que escrevo? Hiperbatos, também de nada me servem. Se calhar só os uso, com medo de ser incompreendida, que vou deixando rastos sequenciais pelas linhas que debito, recursos influenciadores da leitura. E no meio disto tudo, quando melodia nenhuma ouço, nem ruído, nem coisa nenhuma, aproveito a fónetica do alfabeto para criar um som que quebre a monotonia do meu vazio. Aliteração, ali, aliada a nada, aqui aleanada! Embelezo as ideias que compõem o conteúdo dos meus textos com acessos de loucura, momentos esses em que julgo que o poder de um adjectivo é pouco, dois não atingirá o que pretendo, entao uso três! Não me cinjo a uma adjectivaçao forçada ainda lhes definido uma intensidade gradativa, como se um climax se tratasse, que se inicia fraco e acaba numa tensão fenomenal. Expresso me à luz destes recursos, que manipulo a meu vil prazer. E mais uma vez mesmo não querendo, estes fluem directamente das minhas mãos que as escrevem. Como não haveriam de se libertarem do espaço na minha cabeça a que estão confinados se até mesmo esse local é uma mera antítese do que é e não é. Oh!.. Como simples de nada tem de simples e tudo tem de complexo. E até mesmo agora, em que tento não perecer ao poder ilusório do mundo da fantasia, que projecto na minha escrita, ela está presente: a omissão. Sim, a elipse. E que mais não e talvez nada haja e eu esteja enganada. Possivelmente só lá longe longissimo me seja possivel viver sem papel.
“Estou cego e vejo. Arranco os olhos e vejo."”

domingo, outubro 23

Oops oh my!!
I did what i did last night...
Vou encarar esta folha de frente; sem medo de mim, e do que possa surgir desta minha mente conturbada e em nada, simplificada. Acrescento por bem, que esta minha confusão me flagela de modo constrangedor. Sinto que tenho demasiados olhos postos em mim, a mirar esta minha fragilidade psiquica que insiste em transparecer através dos meus olhos, e por conseguinte, das minhas expressões de tristeza constantes. Vou cada vez mais, caminhando para um abrigo, que um dia julguei ter em ti, e que hoje não dou com ele. Simplesmente desabou... E enquanto escrevo estas linhas desordenadas repletas dos meus pensamentos e sentimentos mais intrinsecos, encontro me sentada em cima de um vestigio deste meu abrigo, algo parecido a um tijolo rachado. Olho em volta, vejo apenas destroços, como que se um jogo de lego se tratasse que alguma criança desastrada partiu. Quem me dera pegar em cada peça e reconstruir um abrigo tal e qual aquele que um dia esteve presente neste mesmo local. Reergue-lo apartir das cinzas, para que me fosse possivel reeguer-me de novo. No final, ao olhar atentamente fui eu a criança desastrada que à sua passagem arrasou tudo por onde passou - mortifiquei tudo ate a vegestação mais resistente. Numa atitude tanto ou quanto masoquista continuo a olhar para todos os cantos à procura de uma segunda oportunidade, de algo com que possa fazer uma especie de cimento para colar tudo de novo. Como te posso dizer hoje, depois de tudo, que quero reutilizar estas tuas terras? Olha para mim, ve o que eu sinto por dentro! Nada mais te estou a oferecer agora a não ser a minha sinceridade. Não te quero prender à memoria que presentemente é o meu abrigo, mas sim... Não sei. Julgo me uma criança caprixosa, com uma necessidade extrema de abrir a boca para desabafar ao coração, e satisfazer os meus desejos egoistas. Queria tanto, mas tanto, que visses com clareza tudo o que fiz e o porque de tudo ter se desenrolado do modo que foi. Se calhar, nestes instantes em que a minha alma grita de dor, apercebo-me do que me deste um dia e dou te o teu devido valor. Queria, e esta palavra anda aqui as voltas na minha mente - realmente, é egoismo. Porque é verdade, queria poder chegar outra vez e encontrar tudo como deixei um dia, poder me acumudar de novo e retornar.Estou a tentar concertar o que não deve, ou possivelmente, não pode ser concertado. E é neste limiar, que permaneço, castigada pela minha propria consciencia, que só se aquietará quando souber a resposta para tudo isto.

segunda-feira, outubro 17

Instantes

Um instante somente pode terminar o rumo das nossas vidas. Aquele instante torna-se um marco da nossa vivência, ficando, portanto, registado na nossa mente para toda a eternidade. Por mais que os tempos se tornem duros e julges que só existem para te castigar, abraça a oportunidade. Estaremos sempre aqui para ti, com as mãos abertas, desocupadas e prontas para um reflexo imediato para te apararmos a queda. Estas mãos trazem na palma escrita ajuda e amizade, com todas as letrinhas que estas simples palavras têm, com elas escrevemos a nossa união. Acredita, minha querida, agora e sempre, o teu bem-estar será uma prioridade máxima, e tudo que um dia fizeste por nós, todo o sacrificio e dedicaçao que demonstraste, faremos por ti, aliás, estamos a faze-lo. Dar-te-ei a minha pele para te aqueceres, o ombro para ti aninhares, o aconchego de um abraço para chorares, caso queiras. Palavras sao a minha companhia predilecta, que compartilharei contigo em todos os momentos que necessites de as ouvir. Todavia, se calhar, não saberei o que dizer, porém a minha presença terás mesmo que seja para compartilhar o teu silêncio. Este é um periodo em que terás de ver a vida, como um conjunto de dias particulares, para poderes te reorganizar e reencontrar o teu equilibrio. Se um dia te faltou amor, esse dia não se repetirá, prometo-te. Pois amizade como a nossa, só é possivel sendo baseada neste amor fraterno que nutrimos.

domingo, outubro 16

“Touch my mouth with your hands...”
Vem por bem, tomar o lugar que te convém.
Vem tomar o lugar desocupado que o teu vazio deixou na minha cama, já aqui ao meu lado.
Vem hoje deitar-te comigo.
Vem que as noites frias parecem me gélidas sem ti.
Vem pela calada, de mansinho, encher me de carinho.
Abraça-me, devolve me o aconchego do teu regaço, o calor dos teus braços.
Envolve-me por inteiro no teu corpo, deixa-me aninhar nessa tua segurança.
Afaga-me o cabelo, e esta pele carente seca, por tanta água evaporada.
Sinto-me só sem ti, preciso somente que me abraçes até adormecer.
Por favor vem...
Ficar comigo até ao amanhecer.

quarta-feira, outubro 12

A mentira que é viver....
acreditando em ti.

Mentiras povoam a terra que lavras em teu redor. Que eu piso, acreditando que se trata de terra firme, em vez, de lamaçais. E sobre elas caminho, tentando prosseguir, sem me aperceber que são elas que me prendem os pés, dificultando me a caminhada. Tento, mas escorrego, sujo os sapatos que trago calçados. Protelas me a passagem para novos terrenos, com essas tuas artimanhas dissumuladas por entre o estrume e os clastos que te compõem. Analiso minuciosamente para ver o que às minhas solas adere, para me tentar limpar. Nisto, não observo a crescente parede que se gera dois metros adiante. Suja permaneço e pior ainda, estou circunscrita a um quadrado de 3m2 de merda - somente isso. Cai no erro de violar as tuas terras, tão verdejantes um dia. Tão apelativas, quanto destrutivas. Agora, não passa de terra hidrata pelo teu suor, que transborda mentiras. As tuas tóxicas em contacto com a minha pele envenenam-me o espirito.
Continuadamente suja vou morrendo...
Mentiste-me.

segunda-feira, outubro 10

Walk Away
Se calhar precisamos de alguém ou algo que nos mostre como foi. Para que percebamos como é, para podermos ver o que será. O amanha hoje é uma nevua que nos encobre o trajecto. Só uma frase se adequa a este meu pensamento: “We’ve tried goodbye so many days, we walk in the same direction so we could never stray”. Perseguimos um objecto em unissono, lado a lado caminhamos, sem nos vermos ou tocarmos, ou até mesmo sem sequer saber que escondido pelo muro um de nós está. Duas rectas paralelas, por mais extensas que representem o percurso nunca se cruzam, tal como me parece que vai acontecer connosco. Mesmo sem poder ver nitidamente o que me reserva, pressinto que quando as nuvens se dissiparem não te vou ver. Aos meus olhos faltará a tua imagem... Á minha mente faltará a tua, ao meu corpo faltará o toque do teu abraço. Porém, por enquanto, ou, talvez para sempre, só terei as memorias do que um dia fui, foste, fomos. Gastas pelo tempo, e pelas inumeras vezes a que elas recorro. Posso adiantar, que pouca é a diferença provocada por este apartar. Aprendi a recordar. E descobri nesta viagem o reconforto do passado.
Até uma noite qualquer, em que no meu sonho figures...

domingo, outubro 9

Falha, fenda, lasca, racha, falta, defeito, interrupçao...ou tao somente uma decepçao.
Falha. Estou a sufocar. Falha. Estou me a afundar. Falha. Estou a perecer face à esta sufocante e eminente falha. Tento respirar, mas por raio parece-me tão dificil!.. A respiraçao é irregular, provocando uma grande dor dentro do meu peito. O ar parece não chegar e quanto mais tento respirar, o tão indispensavel ar tende a não chegar e começo a caminhar a passos largos para um estágio de panico. O coraçao acelera, o seu ritmo torna-se frenético. Tal e qual, aos meus ataques de ansiedade que pensei já terem ficado para trás. Não estou bem, e julguei mesmo que nunca viria outra vez desenbocar a este local da minha mente tão remoto quanto asqueroso. Sinto uma mutante perda de controlo.... Algo não está bem. Os meus medos e fobias estão aflorar pelos poros que cobrem todo o meu corpo. Falha. Medo da falha, com este só sei conjugar o verbo falhar; eu falhei, eu falho, eu falharei. Continuandamente, como se um ciclo se tratasse mais uma vez o momento crucial estás prestes a dar-se e mais uma vez falharei. Tenho medo. Falha... É algo tão forte, que toda a forte estrutura que pensava ter adquirido se desvanece pelas malhas do medo, que se embaraça em mim como uma aralha tece a sua armadilha. Sinto me como a sua próxima refeiçao, presa às linhas finas para quem olha, que me sufocam, sem ar não consigo pensar, sem força não sou capaz. Falha! Presa a um corpo que detesto, presa a uma mente que protesto, presa estou a este mundo grotesco! Como é tão tenue a linha que separa a felicidade da tristeza. Tantas vezes me parece tão frágil a felicidade, porque apesar de ser vivida tão intensamente é facilmente posta em xeque. Nunca parecer durar, ou então este é somente o pensamento de quem deseja viver sempre assim – nunca felicidade alguma é muita. Depois de tantas letras escritas, o ar já me chega, pelo menos para poder subsistir e tentar resistir. Tenho medo do fracasso. Quem me dera poder vomitar este sufoco e conjuntamente com essa pestilenta mistela a falha!

sexta-feira, outubro 7

Amigas
Sentada à janela a fumar um cigarro, imagino-vos também às vossas janelas ou nos vossos abrigos seguros, também a praticar os mesmo acto. E nesta cumplicidade que nos une, sentimos diversas coisas. O meu pensamento vai de encontro ao vosso, realmente, nestes meus momentos de reflexao voces estão presentes, o que só prova a importancia singular que cada uma de vós tem para mim. Pequenas palavras um tanto ao quanto confortantes são a unica coisa que vos posso dar. Adorava poder vos auxiliar em mais, trocar de posiçao convosco, impedir que se sintam assim. Todavia não posso, tenho que me limitar ao meu corpo e ao pouco que está ao meu alcance para vos ajudar. Como desejo que voces tenham força para ultrapassar este periodo mais dificil da vossa vida. Não podemos saltar esse capítulo tão crucial das nossas vidas, temos de le-lo até ao fim, para assim percebermos a continuaçao do livro. O que eu quero que voces acreditem, nao apenas oiçam, é que sao as nossas mãos que seguram as canetas e escrevem o futuro. Na nossa mão está o modo como traçamos a linha dos nossos percursos. Quando sentimos as coisas tão dolorosamente, onde cá dentro doi, torna-se complicado querer pensar racionalmente sobre. O primeiro instinto é revoltarmos nos contra o mundo. Façam-no, exponham-se, libertem-se de todos os sentimentos que as magoam. Ao compartilharem torna-se mais fácil suportar, aos nossos olhos a dor não diminui mas parece mais facil de ultrapassar. Amigas, um dia, dois dias, tres dias, perdi-lhes a conta - voces tiveram lá - algumas vezes ao compartilhar o meu silencio, outros com palavras de força, ou tão somente um abraço. Agora quero eu dar vos um pouco que voces me deram. A vida é um dar e receber incessante.

segunda-feira, outubro 3

O teu nome...
No meu pensamento formou-se o teu nome. Mais uma vez, dou comigo a pensar em ti. Magoa-me bastante estar aqui confinada à solidão destas quatros paredes, sem saber o que estáras a pensar - onde quer que estejas. Nem isso sei... Aliás, nada sei mesmo. O tempo passa, deixando a sua marca: a da distancia. Os dias viraram semanas, caminham a passos largos para meses e continuo sem saber quando te verei de novo. E interrogo-me mesmo se um dia te reverei. Temo que esta falta de proximidade já tenha causado o seu impacto em ti e em mim. Se calhar nunca tivemos destinados a tornarmos nos algo. Neste instante inumeros pensamentos estão a flutuar na minha cabeça, sem que eu os consiga travar e, consecutivamente, deixar de escreve-los. Não quero dizer o que no meu intimo me assusta, uma vez que não quero acreditar que isso tenha acontecido. Tudo me indica que sim, eu apenas tento me cegar com os momentos que passamos juntos. Curtas conversas no msn, mensagens nem le-las, telefonemas nem ouvi-los... Será que deixei de fazer parte da tua vida? Nisto baseia-se o meu medo, perder-te. Ha dias em julgo que eu propria me esqueci de ti, até que por razao nenhuma retornas mais forte do que nunca. E aí sim, sinto extremamente a tua falta. Nunca contigo pensei que te tornasses o que es para mim hoje, nunca achei possivel sentir tanto a tua falta. No final, achei que era um sentimento efemuro. Uma vez reniciada a vida, te deixaria para tras enclausurado num capitulo com o teu nome, no meu livro de memorias. E o que vivi contigo se tornaria passado. Presentemente não sei o que ei de fazer aquando destas horas mortas em que a minha mente desocupada insiste e presiste em pensar em ti. Queria ouvir a tua voz a dizer sinto a tua falta, queria ver o teu olhar ao dizeres me adoro de novo. Queria confirmar que tudo foi algo tao marcante para ti como foi para mim... Sabes que mais? Vou sair de casa e telefonar-te...
Adoro-te

quinta-feira, setembro 29

Stress
Para que te vas a reventar (vende la cuenta y cambia el show) Para de pensar y pensar (cuidao con la mente que explota al glow) No arrastres más tantos problemas de que tu vas (déjala ya dentro de tu stress)”

Dominados somos pelos problemas com que nos deparamos diariamente. Com a força de mil toneladas, esmagam-nos a mente contra as pedras da calçada. A cabeça doi, as nossas entranhas gemem, o corpo lateja. Quando mais tentamos racionalizar o dito problema, mais parece que nos absorve e fustiga-nos ainda mais. As chagas aumentam, a dor atinge pantamares nunca antes cogitados. Rezamos a um Deus que nao conheçemos, ou quem sabe não acreditamos, esperando à luz do céu que tudo se desvaneça num mistério. Uma força de maior calibre que nos transcenda, esperando apenas que esta exista e consiga então realizar o que dás nossas maos foge – a resoluçao. Com os olhos postos na tenebrosa atmosfera nas noites gélidas de inverno, sonhamos. A nossa mente flui pelos rios da imaginaçao, o nosso corpo transforma-se numa canoa e pelos rápidos abaixo a manobramos até às águas calmas das lagoas. Os limites são as margens que nos ladeiam, a chegada locais mágicos tecidos pelos fragmentos dos nossos desejos. Aqui não há nada de inalcansavel, impossivel e nada nos transcende. Tudo está a distância das nossas duas mãos. No leito correm as nossas memórias das quais algumas desejamos fugir e outras que queremos atingir. A atmosfera adensa-se e pequenas gotículas de orvalho formam-se nas folhas das plantas. O frio aumenta, enregelando-nos obrigando-nos a procurar algum calor nas paisagens da nossa imaginação. E de repende, uma gota solitária atinge-nos a nuca, escorrendo pelas nossas costas abaixo e arrepiamo-nos, quebrando o elo corporeo-mental. Retornamos e só aí reparamos que está a começar a chover e que áquela primeira gota estão lhe a suceder muitas mais. No meio do nada, com os olhos postos no céu, a água molha-nos a cara, e de repende, sem mais nem menos já não sabemos se é a chuva ou as lagrimas que nos molham o rosto. Tristes por lutar todos os dias neste mundo, cuja origem desconhecemos ou meras teorias possuimos. Duvidamos sobre o que há para além do horizonte e desejamos que haja alguém ao sabor da noite noutro canto qualquer da galáxia a reflectir também, a sonhar. Confere-nos segurança, pois não estámos sozinhos no mundo. E quem criou o solo que pisamos criou igualmente outro para outros poderem apreciar o dom de viver. Hoje somos corpo e mente, matéria e alma. Lutamos todos os dias, acordar já é um acto de força e encaramos o mundo de frente, preseguimos o que queremos, tentamos ser felizes. Vivemos, sonhando com outros cenários, absorvidos por um mundo paralelo que em nada é real. Um escape para as preocupaçoes diarias ás vezes tão mesquinhas. Damos demasiada importancia a coisas tao insignificantes, que nos ferem na mesma intensidade. No final, nao apreciamos a vida na sua inteira plenitude. Procuramos a felicidade em cima de tudo, a paz connosco proprios, com os outros com o mundo. Desejamos navegar em águas limpidas e translucidas em vez dos esgotos opacos urbanos. O nosso corpo não nos limita, é o meio que temos de prolongar as nossas mentes e podermos de facto, realizar os nossos desejos.
Pinto as telas diarias com as cores da minha imaginaçao.

terça-feira, setembro 27

Vazio
Papel. Cinzeiro. Tabaco. Isqueiro. As minhas unicas companhias, aliás, tu és o unico, os outros nao passam de artefactos aliados ao vicio fisico. Tu pertences as minhas dependencias mentais. Quando combinada com uma caneta, transcendes todas as minhas espectativas. Tornas-te um poço de possibilidades infinadaveis e variadas. Tanto pego em ti e te aconchego no meu intimo, como igualmente te mancho de borroes de tinta, desenhos sem nexo e afins. Contigo exteriorizo-me, liberto-me e desabafo. És, sem sombras de duvida, o amigo ideal, que ouve e nao questiona até acarbamos o nosso discurso muitas vezes tenebroso, complexo e em nada organizado. Todavia, tu tens uma paciencia sem igual, nao interrompes até que coloco a caneta de parte e olhas para mim silenciosamente. Olhas, fixas-me, prendes me a atenção. E interrogaste; reorganizas os caracteres e formulas as questões. Sempre com os olhos posto em ti, leio as tuas pertinentes interrogações. Espero que des por terminado o teu interrogatorio e volto a pegar na caneta, que aguarda ansiosamente o round 2 e respondo-te delicadamente. No final sobram apenas os espaços em branco, deixados pelas letras do nosso dialogo que se predem a ti pelo elo quimico da tinta.
Enquanto houver papel, terei sempre um abrigo...
Ó meu...
Que ei eu de fazer quando as saudades baterem a porta?
Que posso eu fazer para quitar a tua falta?
Que ei eu de fazer nas claras noites em que penso em ti?
Que posso eu fazer quando o desejo aperta?
Que ei eu de sentir quando nao estas comigo?
Que posso fazer nos dias em que nem a tua voz oiço?
Que ei eu de fazer para ultrapassarmos isto?
Que posso eu fazer da minha vida sem ti?
Ó meu...
Não há nada a fazer.
Não ha soluçoes.
Não ha o divertimento que so tu proporcionas.
Nao ha carinho.
Nao ha abraços.
Nao ha beijos como o teu
Nao ha sorriso igual, ou parecido ao teu.
Nao ha ninguem como tu.
Não há nada sem ti.
Ó meu....
Alimento me de memorias de momentos passados; contigo...

domingo, setembro 25

“I can feel you pull away...”
E uso esta folha como sendo o único modo que encontrei para te dizer o que me vai na alma. Uma vez que as minhas palavras não podes ouvir, mesmo que grite, por mais perto que estejas não me irás ouvir. Por mais que me custe, julgo que a razao está em nao quereres. Tantas vezes me ouviste, que haveria de chegar o momento de romper com esse ciclo vicioso. Tudo entre nós, ao longo destes anos, parece ter um dado padrão. Tentando romper com esse padrao, rompi connosco. Ao tentar que fosses feliz, que caminhasses pelo teu proprio pé e prosseguisses a tua vida, fui me tornando progressivamente a má da vida. Porquê? Porque fui a unica que teve a coragem de tomar uma decisao por mais errada que esta fosse.
Quando nos separamos ficou o vazio que o teu espaço ocupava em mim. Estavamos demasiado absorvidos pela presença um do outro, dependentes até. E eu nunca me tinha sentido dependente de nada, muito menos de ninguém. Este apartar deu lugar novamente à amizade que um dia tinha existido. Todavia, nao podemos negar que depois de tudo, uma amizade seria prematura pois nunca seria uma verdadeira amizade. Afastamo-nos, aliás, eu provoquei tal. Suspendi a nossa amizade, mesmo sabendo que a vida não para, assim como, nenhuma dor quando iniciada pode ser travada até se encontrar a cura para tal. Cura essa personaficada por um dialogo que permitisse a resoluçao das nossas questoes. Tudo foi esclarecido, iniciando mais um ciclo. Os erros repetiram-se, o tempo nada tinha alterado em nós, a meu ver. Recentemente, deu-se mais um corte, mais uma vez saquei do bisturi e cortei o nosso elo de novo. Mas desta vez ha algo definitivamente diferente. Ha algo em ti que nao me deixa suturar o estrago. Não me deixas explicar os motivos, as razoes, os porques que nos levararm a este ponto. Um ano de oscilaçoes, de correntes e vagas sem conseguirmos alcançar algo, já nao digo igual, mas semelhante ao que tinhamos antes de tudo. Não te sei dizer porque que as coisas se processaram assim para nós. Sei que pela primeira vez estás a fazer o que eu te pedi inumeras vezes, acontece que nao olhas a quem. Magoei-te inumeras e sucessivas vezes, que se calhar estas te ensinaram a preservar-te da minha presença. Pois, que sou eu se não somente a personificaçao do mal? Para ti, fui um dia fonte de toda a felicidade possivel e toda a dor que tu achavas ser impossivel haver. Agora peço-te encarecidamente que me deixes dizer-te uma palavra – desculpa. Gostava de te a dizer sentados a comer gelado no banco do carro. Ou então, nos degraus que existem aqui ao lado. Ou talvez... naquele jardim à sombra daquela arvore.
Selando de vez a nossa história.

Quando o fim bate a porta, ha que deixa-lo entrar...

"I've been down here before lost myself and so much more find my way out of the game again open up my head and take it in just like always "

quinta-feira, setembro 22

Olha esta é definitivamente para ti...
(tu sabes que sim)
Já me esqueci quando me deixei de preocupar com os motivos. Não me interessa, tens um valor para mim, que por mais palavras que juntasse, nunca conseguiriam atingir a magnitude daquilo que nutro. És especial. Quero que venças na vida, quero que consigas atingir tudo aquilo que desejas, tudo aquilo que precisas para ser feliz. Quero que a vida não te fustigue e te confira um sorriso permanente. Mereces, tudo isso e muito mais. Quero para ti o melhor da vida, quero que tudo aquilo que faças te traga apenas satisfaçao e bem estar. Quero que um dia olhes para tras e vejas que retiraste o máximo possivel de tudo aquilo que este mundo tem para oferecer. Todos os erros, ou atitudes que te tenham feito pensar duas vezes, apenas tenham servido para aprenderes e cresceres melhorando o teu já bom ser. Porque tu.. Sim tu, és um dos seres mais bem moldados que conheço. Os teus valores são os mais nobres da infindavel lista de principios que podem haver. Sinceridade – os teus olhos dizem tudo. Honestidade – está no reflexo das tuas atitudes. Amizade – o modo como lidas com quem te rodeia. Capacidade é o que não te falta, a base está em ti. Luta pelos teus sonhos. Cá estarei para te ajudar a manter a rota que traçares, dar te força quando pensares desistir, uma palavra carinhosa nos dias mais tristes e presentiar-te com um sorriso quando o alcancares – ao teu sonho.

Um beijo enorme de quem gosta muito de ti.... ou seja,para q n haja duvidas,EU!

domingo, setembro 18

Porque dar a sentir o sabor de algo por breves instantes? Apenas para poder recorda-lo? Será? E o facto de apreciarmos e querermos mais, nao era aspecto a ter em conta? Nao interessa o que eu possa sentir sobre isto? Foi mais um dos teus caprixos? Nao ves, que uma vez dentro nao quero de lá sair e agora obrigas me, de modo doloroso e lacinante, a tomar o meu lugar de novo, a retornar as minhas origens. E aquilo? Sim!, aquilo, aquela, isto, esta situaçao? Porque que me obrigas a sair, porque ca nao posso continuar? Porque ha esta distancia enorme de tão grande que é... Porque? Porque me aprisionaste assim, sem me deixar escapatoria aparente, se não o retorno? Nao poderia ter sido diferente? Podia, realmente tens razao, poderia nunca o ter experienciado a primeira vez, nem saberia o que estáva a perder, as minhas memorias seriam mais pobres. Mas, foi assim que quiseste e foi assim que me cruvaste e humilhaste face a este sentimento. Sinto-me fraca, quero, quero, quero, quero! Ai que egocentrismo extremo, todavia não consigo deixar de lado os meus desejos, e penso nos teus! Irrita-me a um ponto máximo, que me tenhas dado a provar uma goticula do liquido, sem teres intençoes de me dares o frasco. Enganas-te me vida... Ludribiaste-me.... Ganhaste!
Sao tempos e tempos. E que tempos sao estes? Sinto, pela força das experiencias que vivi, que existem momentos dispares, isto é, únicos. Oportunidades que não se repetem como do mesmo modo atitudes que só tomadas naquele momento peculiar provocarão os efeitos que queremos. Perde-las é um desperdicio total e irrecuperável. Por vezes, prendo-me aos “se” da vida, e começo a indagar sobre tal situação a decorrer noutro cenário. Pois “se”, “tal” teria sido diferente. Mas, não! Não posso sequer pensar nisso, seria como viver numa realidade paralela – a projecçao dos meus caprixos. Nao devo, nao posso, negar o motivo que me leva a escrever isto, em suma, nao consigo.
Acho que devagar estou a reentrar na realidade, no meu mundo, saindo assim do teu...
Por mais que tente nao consigo parar a sucessao destes nossos tempos...

Sucessivamente mais longes...

quarta-feira, setembro 14

Desnudada
Hoje sinto esta necessitade sufocante de chorar. Vou caindo, penetrando cada vez mais nesta obscuridade que não temo. Pelo contrario, caminho ao longo desse ermo trilho sem medo. Aquela primeira lagrima está prestes a emancipar-se enquanto escrevo estas frases e o telemovel toca, provocando o meu retorno à realidade Estou enclausurada pelos meus pensamentos, irradicada na minha mente. Enquanto ela nao brota permaneço neste estagio de ansiedade, absorvida pelo tic tac enfernal do relogio até às horas da libertação. Não serão totalmente lagrimas tristes, serão também lagrimas de satisfação. Tanto que eu passei até chegar aqui, a este ponto, tanta dor, tanto sofrimento, solidão, o que eu vivi não desejo a ninguém, nem aos miseraveis desprovidos de ser. Nem acredito que por tal percurso envendrei, ainda menos como de lá sai sem sucumbir. Ai, como me senti perecer vezes sem conta, como as forças me faltaram em momentos cruciais. E agora sim, ela – aquela lagrima – caiu ao som destas palavras “I’m calling you...”. Nem sei se foi o que sinto no meu intimo ou a voz do Jeff que despoletou esta correntesa. Dia este de reflexão, em que só quero ficar sozinha, quieta na segurança dos muros do meu mundo. Devia rejubilar de felicidade, porque eu fui capaz de alcançar uma saida quando não haviam portas, de ver o fim quando não havia luz, de vislumbrar a felicidade quando so havia dor. Hoje sim, choro, porque preciso de me libertar de tudo. Choro, esperando que esta água liquida solidifique de modo a congelar este passado, pondo assim um menir neste capitulo. Passado, é isso, e sorrio com a cara fria por isso. Nem vale a pena pensar mais ficou lá atras apartir do momento em que consegui construir uma porta moldada no escuro com a penumbra, apenas com as minhas duas mãos, dei-lhe a forma que a minha mente ditou e quando terminada por ela atravessei, e cá cheguei. De novo à vida, a mim. Reencontrei a beleza nas pequenas coisas, nas pessoas, no mundo envolvente. Saí, donde nunca deveria ter entrado e dei de caras com o mundo que um dia abandonei e encontrei uma pessoa nova – eu. Era de estranhar que tantos sentimentos nao me tivessem alterado, porque de facto nem eu, que dentro daquele antro tentava ser racional, nao fosse afectada por tal turbilhao. Um pé em falso e descanbei. Suspiro de alivio. E abarco este meu novo ser em toda a sua plenitude. A diferença que dantes julgava ter, modificou-se e deu lugar a uma chave. Chave essa que me permitirá ser feliz, chave essa que se chama Sara.
Sem topico

Nao tenho nada a acrescentar a este cenario deveras putrificado pela merda de muita gente. Isto anda pobre, a sociedade está doente contraiu febre tifoide à pala das salmonelas que contaminaram a água da Manuela Moura Guedes. Nem se sabe como lá foram parar, eu é que nao me admirava que o contagio se desse atraves do consumo de alimentos de proveniencia animal. O modo canibal como nos comemos uns aos outros era o mais provavel. Algo me diz que os surtos de raiva vao aumentar. Se não por uma via é por outra, o Staphylococcus aureus acaba sempre por entrar e, se não é ele sao outros. Agentes patogenicos sao os que nao faltam, até posso enumerar! Estupidez, cinismo, hipocrisia, egoismo e uns tantos outros... Nao vejo meio de isto acabar. Se nao é o que ingerimos, é o que respiramos. Ar viciado este que inalamos!, desse modo posso compreender como ha tanta gente mentecapta, possuem a duramater e a piamater, ou seja, as meninges que ocupam o espaço entre o osso do cranio e o cerebro propriamente dito, inflamadas e nem sabiam atrofiando assim as suas capacidades mentais. Prevençao nao ouviram falar, vacinar - o que que nos vao inocular?! Valores, principios, cultura, acho que nao dá. Será possivel operar?

terça-feira, setembro 13

Adeus

Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mão à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas em esperas inúteis.

Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro!
Era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.

Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes!
e eu acreditava.
Acreditava, porque ao teu lado todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos,
no tempo em que o teu corpo era um aquário,
no tempo em que os meus olhos eram peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco, mas é verdade, uns olhos como todos os outros.

Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor...,
já se não passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome no silêncio do meu coração.
Não temos já nada para dar.
Dentro de ti não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus.

Eugenio de Andrade, in Jardim dos Poetas

sexta-feira, setembro 9

Que seja tão ou ainda mais mágico...
Ha tanta coisa que mal consigo entender, quanto mais explicar ; como tu e o modo como me fazes sentir quando estou contigo. É tudo tão estranhamente diferente – estranheza essa que me apraz bastante - e de, certo modo, especial. Sei simplesmente que longe de ti sinto a tua falta. Desejo estar contigo, ouvir a tua voz, tocar te, abraçar-te sentir o teu calor... No meu intimo sei que tudo o que preciso tu és; a realidade que perscrutava na minha ilusão. Dás me uma sensaçao de segurança que nunca poderia cogitar, como é que tu (sim tu!) me tocas assim? Tantas questões aparentemente sem resposta verbal, mas com uma unica certeza sentimental é tudo o que sei sobre ti.
Ha algo em ti que me faz acreditar, ha algo em ti que me faz viver, ha algo em ti que me faz temer o futuro.
Ha algo em mim que ainda nao soube decifrar, ha algo em mim novo, ha algo em mim que é parte de ti.
Ha algo em nós, isso sei eu.
O que iremos nós descobrir...
Mind this...

Até que ponto as palavras podem ter poder suficiente para nos atingirem, por vezes feitas lanças cuja ponta aguçada no espeta, outras tao suaves quanto melodias que ouvimos dia a dia juntamente com o som da vida urbana. Palavras sao a base de toda a comunicaçao possivel, servem para exprimir pensamentos e sentimentos, opinioes, tecer criticas destrutivas/ construtivas, em suma toda a especie de juizo. Como é que uma mesma palavra consegue ser tao dual a ponto de servir para um elogio, assim como uma acusaçao? A esfera do voculaburio permite qualquer utilizador do codigo linguistico formalizar o seu raciocinio, nao obstante a facilidade de abrir a boca e falar o processo nao é tao simples para alguns (a maior parte). As palavras sao como pedaços que podemos moldar como o nosso espirito nos dita, podemos ser inovadores, gentis e até mesmo ostis. Palavras, essas sim merecem todo o respeito usamo las constantemente e so possuem o poder que lhes conferimos. Pior de tudo, é o modo como as proferimos, o sitio onde colocamos esta e aquela palavra de modo a causar um maior impacto, ferir mais quem sabe, so depende do desejo de cada um. A propria linguagem em si, é um modo publicitario, o “slogan” é feito de modo a atingir um alvo pré-definido. Escrever é ainda um maior desafio, argumentar entao é o climax de qualquer especie de comicio linguistico. As palavras são, no fim de contas, uma arma que nos salvaguardará em qualquer situação e dar-nos-á uma opçao de escolha quando temos que lutar face um confronto. Dialogo é a resposta que nos foi dada desde que aprendemos a primeirissima palavra, é pena esquecermos nos de tal dádiva tantas vezes menosprezada.

terça-feira, setembro 6

All of those harsh thoughts so unkind...
A minha mente não se aquieta. Permanece neste ritmo alucinante, oscilando entre a realidade concreta e uma ilusão abstracta. Nao sei o que a dita, talvez somente a mente, talvez tambem o coraçao. No final de contas nao me adapto a este espaço. Quando dou me conta a minha mente já está a quilometros de distancia a tecer inumeras situaçoes hipoteticas. São esses momentos em que sei de certeza que nao quero permanecer aqui. Quero continuar a viver, viver cada vez mais, cada instante, cada fracção de segundo, cada minuto, hora, dias, semanas. Nao ha culpa alguma em querer estar onde nos sentimos bem – acredita – la sentia-me bem. Por vezes nao sao os locais, sao as pessoas, outras é o reverso. Neste caso, sao ambas.

Desejando fugir... daqui, de qualquer lugar para lugar nenhum.

terça-feira, agosto 30

Para todos os meus medos....
Mais uma oportunidade perdida, mais um caminho sem saida. Becos, ruas que se cruzam entre si e sobre si mesmas se fecham, obscuras, sombrias, frias, intransponiveis. Isto é o que sinto quando com eles me deparo, erguendo se de fronte a minha vista impedindo me de enxergar o que nas suas costas escondem. Por instantes julgo que os posso minimizar e até mesmo ridicularizar por não existirem por eles mesmos; a sua existencia resulta dos caprichos dos ordenadores de territorio que decidem aglutinar duas ruas criando um empecilho à passagem. Nessa fracção de segundo sou superior, mas logo no instante seguinte compreendo a dimensao da minha pequenez e que mais uma vez me sinto perdido sem caminho. O retorno pela mesma via parece-me o mais apropriado, mas porque regredir quando em frente posso ir? Poderei mesmo? Terei eu as adaptidões fisicas necessarias para escalar tal muro e me deixar cair do outro lado? Riscos e mais riscos e de repente a grande luta se inicia: Seguro Vs Desconhecido. Sento me ao canto daquele beco, abraçando-me como uma criança perdida à espera de alguém que a venha buscar. O tempo passa e a mão não chega e, dentro de mim sei, que terei de agir. O que farei?

segunda-feira, agosto 29

Eu e o Mundo

Pois bem. Tomei neste instante a seguinte resolução : (dois pontos e um ciclo respiratorio para criar a atmosfera necessaria) escrever uma breve reflexão diaria. O ambiente está gerado, uma boa musica, um maço de tabaco e um cinzeiro – tenho tudo o que é essencial. O dia de hoje, especificamente a noite, demonstrou me mais uma vez que a vida é muito mais facil quando somos livres. Liberdade essa conferida por uma calma de espirito, confiança, segurança e algo tão simples como a sinceridade. A conclusão de hoje é essa mesma, ser se sincero é a coisa mais facil do mundo, as pessoas em geral é que a tornam complexa. Realmente, nao percebo a razão permanente que dita as pessoas a agirem sob véus de cinismo e de hipocrisia. Há aspectos vitais na nossa vida enquanto seres inviduais e no colectivo – sociedade - , sendo o primordial o Ser. O que nos somos dita a relação connosco mesmos e com as outras pessoas. Para que as coisas se processem de um modo saudável e natural há que se ser enquanto pessoa alguém seguro, confiante, conhecedor de si. Ou seja, sabermos quem somos, qualidades, defeitos, saber discirnir tais coisas torna nos conscientes do que somos e permiti nos melhorar as relações inter-humanas. A partir desta base, torna-se mais facil trabalhar a nossa personalidade e caracter, modificando o que julgamos de errado e preservar os aspectos positivos. Isto é uma boa teoria, todavia nao passa disto mesmo. Dado que se conclui facilmente atraves de uma simples reflexao racional mas ha algo indiscutivel e insociavel ao ser: o sentimento. O Humano é complexo desda sua estrutura organica até à mental. Se não sentissemos, a teoria seria posta em pratica imediatamente e não haveria nenhum entrave à sua execução. O que fazer quando somos simultaneamente mente e coraçao? Até que ponto devemos fazer exercer o poder mental sobre o sentimental e vice versa? Quando é o tempo de pensar? Quando é o tempo de sentir? Vou fazer uma pausa, dei um suspiro é sinal de impasse – acendo um cigarro. Primeira conclusao : o que somos espelha-se nas nossas relaçoes. Estarei me a repetir? Talvez, mas é de facto o que penso e nunca é demais salientar. Devemos encarar o mundo de frente, por mundo entende-se como o local onde vivemos, as pessoas nele inseridas, o que é o mesmo que dizer a nossa comunidade. Nascemos e a nossa vida prolonga-se para alem do utero que nos gerou. A partir deste marco, o que mais nos determinará sera a educação, a familia, em especial, os nossos pais. Assim como tudo o circulo em que estamos inseridos. Mas a evoluçao de cada um é diferente do da pessoa que reside ao lado, e o estagio mental também, a idade também. O que me perturba é o seguinte: como é que em circuitos de pessoas tao jovens existem tantos problemas? Ha uma resposta muito simples: a idade tenra que torna os jovens radicais, vivendo intensamente tudo o que os rodeia. Por outro lado, o que que justifica tamanha malicia nessas pessoas? Ao ser se jovem nao deveria ser mais facil estabelecer relaçoes de amizade mais profundas? Possivelmente, a falta de experiencia aliada à falta de alicerces mentais leva a que haja mais problemas entre pessoas jovens. Eu relaciono-me com as pessoas na base da sinceridade e sempre defendi com todas as armas possiveis a comunicação. A partir do momento em que nao gostamos de alguem nao seria mais facil lidar com isso, utilizando a indiferença como arma, ou simplesmentar alianarmos nos dessa presença? Porque dizer mal? Porque que a troça aguça a felicidade de uns e entristesse outros? Sou uma idealista, sera? Sei apenas que me sinto bem na minha pele, ao lidar com os outros de modo claro, com respeito e dando tudo o que eu posso na base da sinceridade. Sei que sei algumas coisas, tenho uma cabeça bem organizada, sei quais sao os meus objectivos e sei como consegui-los. Sem descurar a vivencia desta vida sentindo o que me rodeia, deixando me levar por uma corrente de emoções e sensaçoes, estando simultaneamente sensivel aos que os outros nos dizem sem palavras, apenas pela liguagem corporal.
Imutabilidade
Faço uma pausa. Desejo que este instante permaneça imutável. Expiro e inspiro, tais movimentos respiratórios imprescindíveis à vida, e nesse acto complexo sou invadido por recordações; expiro e tudo retorna ao seu lugar; inspiro e tudo me inunda com velocidade extrema. E é nesta situação oscilante que me sinto periclitante, vagueando entre a passividade e a actividade. Analiso este pensamento, dissecando-o em pequenos fragmentos, tentando alcançar a verdade do sentimento, a verdade acerca do que me rodeia, ao fim ao cabo de mim. Concluo, que somente a mim me cabe a decisão de presidir a assembleia cínica, no qual me sento todos os dias, acomodado a esta realidade como um sedentário deputado, cuja vontade se desvaneceu um dia, dia esse em que se apercebeu que era um mero joguete neste grande xadrez, e que não era importante. Era substituível. Não obstante, as minhas palavras eram vazias, ecoavam nos ouvidos de outrem, pareciam, ao fim ao cabo, não terem teor, nada. Por conseguinte as acções, a luta que travava pelas minhas convicções era inglória, nada se alterava. No fim de contas, não era só aquele instante em que parei e reflecti que pretendia ser imutável, a minha vida já o era.
Páginas em branco

Sinto-me como um escritor intimidado pelas frases não escritas que não surgem, das ideias que prescuto mas não emergem.
Páginas em branco. Páginas rascunhadas. Páginas riscadas. Páginas pintadas.
Páginas virgens enquanto outras já foram conspurcadas pela mão humana que as borra a seu preceito.
Páginas vestidas nuas enquanto outras vestidas a rigor ou então, somente, usuais.
Páginas ávidas de palavras que as reconfortem, páginas saturadas de ideias amontoadas ao longo de linhas imaginárias.
Páginas não têm escolha em ser, desda sua idealização à concretização da sua forma, em nada este processo é sua responsabilidade, até mesmo o seu fim cabe a outros.
Páginas soltas, e em nada livres.
Páginas agrupadas em capas, que não as protegem, só as encerram.
Páginas rasgadas, dilaceradas, sem ripostar o seu fim.
Todos os dias sou esse livro aberto em ponto nenhum antecedido por folhas brancas, riscadas, ideias amontoadas, e, neste ponto, vejo capítulos arquitectados na mente, ainda por tomar forma. Partindo da ideia que a vida tem a sua génese no principio e não no fim, no amor e não no ódio, somos o que? Apenas frutos de livros de outrem, que em certa altura se aglutinaram dando nos origem, assim como, o privilegio de novas paginas.
Dedicatoria
...Minha para Ti...
Estou neste ponto dada a vontade que nutria que me consumia de cair e de me deixar ir, saltar de braços abertos para um enorme desconhecido. Sabe tao bem, sabe tao (hum) inconstante e o que é prazeiroso poderá torna-se num grande dissabor.Quiça? Não me interessa.Fodasse!.. que vontade é esta? Como quero me perder em ti, como quero me inundar da tua essencia extasiar me com a tua existencia. Apoderar-me do teu corpo, aguçar te os sentidos, perder-me em gemidos encontrar-me de novo em ti e recomeçar tudo outra vez. Estranho me nao tanto como te estranho do mesmo modo que me entranho cada vez mais em ti, deixando de saber por onde vim – ENCLAUSURA-ME - porque assim o deixo, porque eu assim o quero. Sabes... - ainda estou para decifrar - e mesmo quando partes ainda te consigo sentir... Prende-me, assim o desejo. Quero viver ao sabor deste sentimento, sabe tao bem e eu nao o quero abandonar por nada, gostava tanto que nao houvesse fim, sabe tao bem viver assim. É optimo estar contigo, da tua presença nao me quero apartar nao agora, nao já, nao nunca. E cá, dentro de mim anseio que um dia nao te tenha de compartilhar e te possua por completo.
Assim ao teu modo...