sexta-feira, maio 26

Parcas Palavras

Parcas palavras,
Trovas que não aprenderam
Que jus não fazem ao que sinto.
Indelével marca tua perpetuada em mim;
Inscrições ausentes, somente memórias,
Dias passados assim.
Modo que é particular teu
Outra face que é do meu.

Jeitos das palavras tuas que absorvo
Convertidas em outras tantas que nem sonho
Sensações que palavras não merecem
Descrições que só as vistas sentem
Percepções além dos ditos
Que sobre mim recaem.
Ardores dos Lábios Transtornados

Ardores dos lábios transtornados
Que em si ainda não se sentem
Divagações labiais nas terras das tuas bocas
Terrenos emotivos férteis que em mim
Cultivam na árida terra das contentações
Os gemidos de mil paixões.

Púbere menina deliciada com as consagrações do
Novo velho toque tido sempre como primeira vez
Que tu a mim me tomaste na palma das mãos
Fechadas uma sobre a outra enclausurando
Desejos, de te ter mais além que aqui
Não tão pouco ali, vagidos que se propagam,
Direcções que às quais rumo não foi dado
Passados à vista!

segunda-feira, maio 22

Com as mãos postas no escuro sobre a carne das estrelas...

Lá ao longe temo,
Não ver as realizações das estrelas
Breu sugador das claridades noctívagas
Que tu não embalas –oh noite-.
Desejos que não dormem nem se acalmam
Nem nos teus regaços nocturnos.
Ritmos prementes das oscilações das vontades
Reflectidas nas lágrimas soltas nos recantos
Das alegrias.

Feliz o sou mesmo não vendo,
As iluminações acessas das calçadas do futuro
Prefiro acreditar na firmeza dos passos
Em oposição à meta que não descuro
Não esqueço pois a minha mente me relembra
Mesmo quando com a noite me deito
E com o dia adormeço.

É ver com os olhos intimos
Os destinos que traçamos com as mãos
Da nossa carne, escritoras dos sonhos
Que a nossa carne repleta almeja.
Sentir o pleno dos sentimentos da concretização.
Paixão de vida!
Brindemos.

segunda-feira, maio 15

Inundações

Tudo me percorre;
Movimentos oscilantes
Curvatoras ascendentes
Antecedoras das quedas
Introspectivas em mim.

Tudo o que sou ou não
Jaz no fundo dos poços
Onde as luzes não penetram
Locais que os calores não chegam
Nem aconchegam.

Acomodo-me às paredes nuas
Inscritas com as memórias da vida
Talhadas na pedra à força de um esforço
Maior sacrificio que não pia.

Falha-me a voz das constações cujos
Conformismos calaram num gesto só
Como quem na mão ergue mordaças
Silêncios prolongados que me tomam
Semelhantes aos meus perderes

Privações dos contentamentos mortos
Pela longevidade do tempo
Felicidades que pacedem a par da ruínas
Sinónimos da presente decadênciaDe quem no poço se escondeu e lá morreu

sexta-feira, maio 12

Tudo outra coisa mas não eu

Brisas quebrantes
Fissuras que em mim nascem
Que ao longo do meu corpo se abrem
Brechas que ao mundo meu corpo dão
Acompanhadas pela minha alma!

Contaminações da atmosfera por
Sinonimos meus; signficados do mesmo
Significante insignificante capacidade pensante!
Não quero mais fluir não fluindo
Degradações abstractas do pleno sentido vivêncial da
Carne percepionada como tudo.

Ergo as palmas fechadas sobre os meus eus
Colhidos pelos caminhos que enveredei
Somadas não dão eu!
Irreconheciveis pedaços da alma
Que de mim fugiu!

Tudo de mim se aparta em outros seres
Que são tudo outra coisa mas não eu..
Prolongamentos estrelares dos olhos que teimam
Em me unir em pontos descontínuos...

quarta-feira, maio 3

Orações Subordinadas

Baixo as mãos – ah! – desilução...
Expectativas estilhaçadas pelas esquinas.
Líquidos vertidos
Condensações das neblinas.
Desabamentos dos desejados
Nas calçadas dos inesperados.
Escassa precisão das previsões
Vontades suspensas à tona
Coloidais soluções
Imergentes perturbações.

Visões, quão negadas sensações
Assumpção dos incertos como certos
Crenças cegas nas consumações
Dos fardos agrupados em desejos.
Ignorância forçada,
Forjada a mentes fracas.
Escapatórias unificantes dos
Seres fragmentados à custa das
Reais cissões.

Equívocos de quem não leu os
Trâmites do contracto,
Acordos tácitos sem vírgulas
Dor sem medida
Frases sem ponto da vida!

terça-feira, maio 2

Ludibriares da Vista

Ilusões projectadas na vista.
Sedutoras tentações;
Apelos que a vida sedente pede o gosto.
Corpos gritam com vozes mudas lamúrias
Constestações mimadas
Almejares cobiçantes disfarçados a desdém
Confissões não assumidas em tons altos
Atestadas pelos agires corporais.

Convergires das vontades em corpos
Moldados à medida indefinida das carentes
Caricias ausentes dos toques que se esperam
Adiadas sensações pelos tempos -
Sucessões temporais desesperantes -,
Exasperantes negações!
Vendas que se pedem com urgências
Tapares dos enxergares da mente.

Mescla heterogénea dos caprichos;
Desejos súbitos sem berço dissolvidos
Nas fraquezas da razão face à reciprocidade
Dos enlances de corpos com corpos
Da coragem que se acovarda perante a solidão.
Garra que se perde sem as amarras carnais.
Outros que se vêm ao longe como resposta às
Questões não proferidas
Avistamentos solucionais.
Choques da razão contra as paredes não sustidas da
Sensação.

segunda-feira, maio 1

Barcas que deslizam invísiveis sobre os rios....

Memorias;
Barcas atracadas às docas
Dos meus portos de abrigo.
Voluptosas viagens,
Deleites pessoais nos resentires
Dos trespasses das águas tépias
Outrora aquecidas pela pressão
Das felicidades não esquecidas.

Exilio-me nos convés
Dos barcos que se apartam da terra
Avistamentos ao longe do passado
Terrenos que nunca já mais ninguém pisou
Ilhas minhas para as quais migro
Quando em mim viajo por dentro
Deslocalizações da mente sem corpo

Coordenadas imprecisas
Sem números que as definam.
Viagens sem mapas.
Erupçoes vulcanicas sem datação
Edificações abstractas que me encerram
Com vistas que se estendem para lá do pontão.