terça-feira, janeiro 3

Ágora de absolvição

Professo a minha fé ajoelhada nesta edificação milenar corruída pela acidez da água que Zeus acolhe no seu regaço e que sobre a terra derrama. Panteão grego abalado pela força contida na palma do tempo de Cronos. Outrora foi local de cultos a ti prestados Atenas sábia presentemente é templo reduzido às colunas esculpidas por mão divinas a céu aberto. Peço-te encarecidamente que desças do Olímpo apartando-te assim do regaço da reflexão tua mãe e te juntes a mim. Apressa-te a vires em meu alcanço que Hades acena-me com sorrisos joviais cúmplices do sombrio ser que sozinho caminha sedendo de vida. Não te atrases que a inocencia cega-me ao aproximar os meus olhos ao sol e perecer às mãos do engano não é meu intento. Preciso de saciar a aridez da minha alma com a razão que brota da tua boca. Instrui-me nas artes da guerra enquanto Temis me incute sensatez na decisão. Temo sucumbir às armadilhas dissimuladas pelo requinte dos frascos que as acondicionam que me entorpecem o pensamento. Deles não me esconder. Ilumina o chão periclitante desta acropole desbotada pelo vinho que em mim corre antes que a vontade desfaleça em folhas secas. Astreia pára de cultivar pureza no meu corpo conscuporcado pelas orgias a que me entreguei sob apanágio de Dionisio.Héstia és deusa cujas expressões não mentem. Nos teus olhos leio-te a alma reprovadora. Atenas vem a mim que ouço passos violentos apressados a virem ao meu encontro. Hermes entregar-te-á a minha mensagem de suplica. Abençoa-me com a espada que ergues sem vacilo antes que Pandora me encontre.

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