quarta-feira, fevereiro 21

Silêncio (In)Tranquilizante

Fustigo, com a carga das minhas palavras, o teu corpo que repousa inerte a meu lado. Permaneces quieto apenas com uma expressão inigualável estampada no rosto, que penso denotar o quanto te sentiste acarinhado pela emoção que as minhas frases comportavam. Com o quedar das palavras a minha alma despe-se totalmente deixando-me, assim, à mercê de um silêncio emergente que me atrapalha os raciocínios. Expôs-me ao teu já previsto emudecer, expressando na mesma as emoções que me condenam à prisão dos meus sentidos falíveis que te percepcionam tão acertadamente perto, mas que no entanto, não são capazes de ouvir o que pensas. Ao silêncio alia-se esse olhar desconcertante cujo fundamento desconheço, que acresce à minha falta de à vontade inquietação. Responde à minha nudez com mais que esse olhar que julgo, podendo estar enganada, tratar-se de um anuir ao que proferi. E quando estou prestes a perder a paciência e a quebrar o silêncio beijas-me com um gesto dissipador de todas as minhas dúvidas e inseguranças. Nesse instante encontraste próximo ao tacto e a distância que entre nós existe mede-se pelo desejo de próximos estarmos. Arrepio-me e sorrio dada à pressão da necessidade de expressar o meu intimo de forma simples e facilmente percebida por ambos. Na verdade, mesmo que quisesses fazê-lo de outra maneira, não conseguiria. Abarco o silêncio, como se este não passasse de uma atmosfera saturada por tudo o que do findar das palavras ficou suspenso no ar. O silêncio fala-me de nós.

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