domingo, abril 30

Hoje quero sair só!

Hoje quero sair só! Desejos dos apartares de tudo o resto com que nada lucro. Sorvi os brilhos até à opacidade. Não há nada lá fora que me prenda a vista. Novidades findadas nos prazeres do experienciar. Findadas alegrias do descobrir. Resta-me o que não vejo. Espectros invisiveis que de mim se escondem sob comprimentos de onda que à minha vista é negado o descortinar. Hoje eu quero sair só. Sozinha sem ninguém que caminhe a meu lado invisível e que das minhas distracções se aproveite. Consentimentos não dados ao comensalismo. Beneficios neutros! Parasitismo descarado. Não quero ser atravessada como calçada sob a qual se caminha, como porta pela qual se rompe, como cama que se abre e no seu meio se deita. Isolamento perfeito. Nada mais quero com o mundo lá fora. Espaço meu. Dá me espaço! Que pedido ridiculo em termos fisicos! Por mais que queiramos nunca estámos sós. Hoje quero sair só. Permite que o meu corpo parta, deixando o teu para trás, que a minha mente voe livre por entre as partículas da imaginação. Liberdades restringidas a condições matemáticas referentes aos planos. Planos? Plenas abstracções do que nos é pálpavel. Como posso eu acreditar que rectas são infinitas se o meu corpo é feito de curvas? Tridimensionalidade das grandezas do binómio corpo-mente. Electrões, atmos, moléculas, bactérias, vírus, polimeros, pessoas – há sempre algo que nos acompanha mesmo que só seja a nossa mente. Eu só queria sair só!...

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