quarta-feira, abril 26

Gratificante Loucura

Dou por mim sentada à janela respirando sem me aperceber o ar desta atmosfera vazia pela tua presença não conter. Inspiro ausências que fluem em mim ao sabor das correntes sanguíneas. Sentimento que toma o corpo como rio que percorre sem se descurar do mais pequeno recanto. Cargueiros atestados a emotividade. Expiro saudades. Sem me aperceber, vou apenas sobrevivendo aos ares das faltas de ti. Culpo a vista que não antecipa a tua chegada ao olhar ao longe. Condenação sem fundamento pois por mais que dois olhos juntos mendiguem tu não vens... Recuso a solidão em prole da ilusão. Prefiro, numa tentativa tola, ser louca do que me sentir metade do que sou. Para que ser una se incompleta me sinto? Faço da insanidade refúgio que me acolhe onde me abrigo sob o manto das memorias. Quero respirar! Viver de novo os aconchegos passados, os sabores que tanto ontem me contentaram. Hoje nada tem graça! Coisissima nenhuma me aquieta o espirito – este alcool está empobrecido! Bebo-o como quem não tem palato algum. Paladar ausente! Copo solitário disposto sobre a mesa sem par – o teu. Inebriantes sentimentos que em mim navegam... Fermentações do que já vi vivido julgado esquecido porém hoje revivido. Comparações temporareis do que fui já não sou mais. O que fomos perdeu-se nas conjugações verbais.A vida perdeu brilho como as coisas perderam graça. Sou louca e estou só. Tenho me a mim a metade, a outra partiu e o que sobrou a loucura levou...Nada ficou.

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