domingo, janeiro 29

Oxalá

Aparto me do mundo que um dia para o qual morri
Sufocada por palavras que teimaram em não sair
Lágrimas que ficaram por serem derramadas
Por substituição de sorissos que não senti.

Represento na minha vida
Nao o meu papel, se calhar o de outro qualquer.
Em que grito sem soltar a voz e falo mais no silêncio
Que sobre mim se arrebata quando a noite me toma
Do que em cafés ruídosos, atolados de gente e fumo.

E quanto mais me perco para a minha solidão
Menor é o desejo de me tentar enquadrar
Nas ruas desgastadas pelo falso caminhar
E nas esquinas onde se acumula podridão
De gente que fala sem razão.

Comigo, só, tenho me a mim
Apoio constante que não me falha
Verdade que não me engana
Enquanto todo mundo perece à merce de abraços
Mentiras dissimuladas no calor de regaços.

Prefiro sentar me a margem do Tejo
Como um espectador que ve por si passar o rio
Do que ser parte de tamanho teatro sem brio.

Escolhas minhas.

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