terça-feira, março 21

Grãos de Sentimentos Díspares

Lavei os meus olhos com o desgosto de te ver partir indefinidamente até os limites da minha longevidade e mais além. Desabamentos húmidos de sentimentos escorridos pelas encostas abaixo do meu rosto são essas as minhas lagrimas sedimentares fracamente unidas aos meus olhos. São expressões da vista cega por águas que não secam nos terrenos áridos das dores interiores sentidas como minhas. Possuo-as sem quereres de as ter pois, de mim, são indissociaveis. Tristezas incomensuráveis que albergo no meu intimo e que da minha vida fazem sua. Vivemos conjuntamente respirando sincronizados ares que me faltam no decorrer dos ciclos da vida que me falha. Credores da alma! Mutiladores da homeostasia que julgei tanto ter visto fluir em mim, que afinal era só um leito seco. Flagelações internas executadas pelas lágrimas que me afogam progressivamente no retornar das enchentes sentimentais à praia . Marés abstractas de líquidos palpáveis. Ondas densas de emaranhados mentais confusos saturadores dos meus prantos incessantes. Memórias nossas que se apartam da areia estilhançando-me a mim durante a viagem. Não vás!, que me fragmento em eus maiores que eu por nestes últimos haver tão pouca matéria para tantos sentimentos coexistirem. Choro a dor que é sentir o mar partir. Derramando recordações outrora vividas por estes meus olhos cansados pela distância da partida. Hoje sou somente palco das cruzadas travadas entre a felicidade e a tristeza. Sou os remorços lançados sobre as rochas que um dia nos sentiram sentandos sobre elas. Vazante que me apartou da tua mão que, seguramente, nunca mais vou sentir pousada sobre a mim em cima dos areais hoje tão sós. Vaga que me tirou tão bruscamente os aconchegos. Água que se vai sem chance de voltar a não ser através das lembraças reproduzidas de uma felicidade que não se vive; já se viveu!

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