domingo, fevereiro 5

Na ponta da pena

Na ponta da pena a minha vida rasga o papel. Cada frase escrita é fissura que se inicia e prolonga como cada dia que nasce e se estende. Vejo sendo cego que fantasia sobre aquilo que toca sem ver. Faço do engano venda que me cobre os olhos todavia insuficiente na tentativa de encobrir o cenário que delimita a minha mente à vida. Sou corpo preso a um espaço sensível, onde emoções se condensam na forma de mãos que me sufocam e vão me matando. Estes sentimentos, tamanhas forças brutas, que me aconchegam ao seu abraço e me esmagam são catalizadores do meu desfragmentar. Vou me partindo em pedaços como vidro estelhaçado quando atirado de em contro ao chão. Nas poças das minhas proprias lagrimas molha me o que eu já fui, o que fazia de mim eu, o que quando aglutinado me tornava pessoa. Que sou eu se não fraca porcelana mal colada que até o sopro das palavras derruba. Quis ser tanto, mas sou tão pouco. E enquanto fui tudo afinal era nada e à falta de disfarce caio nas malhas depressivas destes sentimentos. Mesmo não querendo vou caindo em sombras que me sugam a força que um dia existiu na minha fortificada mente. Sem paredes, alicerces, ou qualquer outra merda que me sustenha sou vulnerável. Não me ataques pois esqueci como defesas se erguem. Sou fraca e tenho medo. Sou nada e penso. Sou lágrima...que me acaricia o rosto à falta de uma mão que me ajude a levantar.

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