domingo, novembro 19

Natureza Mundana

Revejo a iconografia da nossa vivência conjunta; essas pequenas imagens estáticas representam o melhor que compartilhamos. Tenho a noção, contudo, que o conceito nós se encerra com essas memorias selectivas que subsistiram à passagem do tempo. Já há muito que se diz: contra factos não há argumentos. Perante tudo isto, resisto, continuo a existir. Não peso as atitudes tomadas anteriormente nem sou assolada por ressentimentos ou coisa que lhe valha. Sabes, ainda respiro, agora, com mais fervor e maior ânsia de vida. Almejo possuir tudo o que rescindi até às mais pequenas coisas que noutros momentos não vivi. Voltei a mim, minha morada querida, ao meu abrigo que é o meu corpo que vai dando guarida à minha mente. Reconheço o que conjecturo como sendo algo que anteriormente me proporia alcançar. Sou forte de novo, imparável, armada de forças que contigo um dia esqueci. Voltei a sorver os sulcos adocicados de uma vida boémia! Embriagada pelos prazeres da vida, assim me sinto, enquanto me sento à beira do abismo e vivo ao extremo tudo o que a vida me vai proporcionando. O tempo de ser aquela que perspectivaste como teu complemento acabou. Findaram-se as cedências continuas a par da minha paciência. Não quero mais me sentar à mesma mesa. Ouve, que neste instante, professo-o alto e em bom som: Não! Naturalmente mundana, um dia me castrei, contudo, contra facto não há argumentos, não me esqueci do que fui, não quero ser mais o que me tornei, sou de novo o que me mais me convém: boémia!

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