sábado, novembro 18

Vejo Prazeres, Sinto Saudades

Zango-me inutilmente, é fado de quem pretender possuir o que das suas mãos foge. É o meu, destino já previsto, contudo, apesar de sabido foi na mesma escolhido. São estas as frustrações que carrego por oscilar entre a força e a fraqueza que a carne impõe. Emendo, agora que ponderei, são desejos que transpõem os sistemas fisiológicos que vão mantendo o meu corpo na sua homeostasia ténue. É um querer além do corpo, é almejar a totalidade singular da tua alma encerrada nos teus limites carnais já por mim tocados e que, hoje, às minhas mãos escasseiam. Faz-me falta o teu formato tosco, por vezes, patético, que apresentas enquanto gente. Dizes-te pessoa e és percebido pelas minhas mãos como tal, quando te acaricio e me aqueces os dedos, as palmas, as minhas mãos por completo. Vives no prolongamento que una à tua carne minhas mãos formam. Aqueces-me, sei que vives e, naquele instante, compartilhas vida com a minha. Providencias-me o sustento à minha vida sem alentos, cheia de suspiros, medos, receios. Temo, constantemente, que naqueles ápices que a tua mente promove que me abandones. Coloquei em ti a fé de acreditar um pouco mais, o credo de sentir a alma para alem da mente. Jocosamente, substituem-se posturas, acabando, por fim, os dogmas inalterados. Perspectivo a carne da tua memoria como fonte de prazer onde me deitei e me deliciei, todavia as lembranças aí se findam. Resta-me boca aguada esperançosa por outras bocas cujos lábios sobre os meus sobrepostos me aqueçam interiormente. Vejo prazeres, sinto saudades...

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