quarta-feira, setembro 14

Desnudada
Hoje sinto esta necessitade sufocante de chorar. Vou caindo, penetrando cada vez mais nesta obscuridade que não temo. Pelo contrario, caminho ao longo desse ermo trilho sem medo. Aquela primeira lagrima está prestes a emancipar-se enquanto escrevo estas frases e o telemovel toca, provocando o meu retorno à realidade Estou enclausurada pelos meus pensamentos, irradicada na minha mente. Enquanto ela nao brota permaneço neste estagio de ansiedade, absorvida pelo tic tac enfernal do relogio até às horas da libertação. Não serão totalmente lagrimas tristes, serão também lagrimas de satisfação. Tanto que eu passei até chegar aqui, a este ponto, tanta dor, tanto sofrimento, solidão, o que eu vivi não desejo a ninguém, nem aos miseraveis desprovidos de ser. Nem acredito que por tal percurso envendrei, ainda menos como de lá sai sem sucumbir. Ai, como me senti perecer vezes sem conta, como as forças me faltaram em momentos cruciais. E agora sim, ela – aquela lagrima – caiu ao som destas palavras “I’m calling you...”. Nem sei se foi o que sinto no meu intimo ou a voz do Jeff que despoletou esta correntesa. Dia este de reflexão, em que só quero ficar sozinha, quieta na segurança dos muros do meu mundo. Devia rejubilar de felicidade, porque eu fui capaz de alcançar uma saida quando não haviam portas, de ver o fim quando não havia luz, de vislumbrar a felicidade quando so havia dor. Hoje sim, choro, porque preciso de me libertar de tudo. Choro, esperando que esta água liquida solidifique de modo a congelar este passado, pondo assim um menir neste capitulo. Passado, é isso, e sorrio com a cara fria por isso. Nem vale a pena pensar mais ficou lá atras apartir do momento em que consegui construir uma porta moldada no escuro com a penumbra, apenas com as minhas duas mãos, dei-lhe a forma que a minha mente ditou e quando terminada por ela atravessei, e cá cheguei. De novo à vida, a mim. Reencontrei a beleza nas pequenas coisas, nas pessoas, no mundo envolvente. Saí, donde nunca deveria ter entrado e dei de caras com o mundo que um dia abandonei e encontrei uma pessoa nova – eu. Era de estranhar que tantos sentimentos nao me tivessem alterado, porque de facto nem eu, que dentro daquele antro tentava ser racional, nao fosse afectada por tal turbilhao. Um pé em falso e descanbei. Suspiro de alivio. E abarco este meu novo ser em toda a sua plenitude. A diferença que dantes julgava ter, modificou-se e deu lugar a uma chave. Chave essa que me permitirá ser feliz, chave essa que se chama Sara.

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